Produtores temem prejuízos com suspensão do plantio excepcional da soja em fevereiro
Produtores temem prejuízos com suspensão do plantio excepcional da soja em fevereiro
Produtores das 21 áreas experimentais selecionadas para realização de pesquisa de plantio excepcional de soja em fevereiro, com uso de fungicidas biológicos e com multissítios para o combate à Ferrugem Asiática, em Mato Grosso, podem ter prejuízos. É que mesmo após acordo com órgãos de controle para realização do estudo, o Ministério Público Estadual (MPMT) recomendou a suspensão dos trabalhos. A orientação foi acatada pelo Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), que realizou aplicação de multas em algumas áreas. Os agricultores ainda temem ter que destruir o plantio de semente de soja para uso próprio e arcar com prejuízos.
A pesquisa realizada pela Fundação Rio Verde e Instituto Agris foi iniciada após acordo extrajudicial, válido legalmente pela Lei de Mediação nº 13.140/2015, entre a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), com o Indea, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
Produtor em Primavera do Leste, Cristian Braun, participa da pesquisa com uma área de 50 hectares da propriedade. Ele teme os prejuízos que podem ocorrer a partir de agora com a quebra do acordo feito com o Indea. “Deixamos de plantar em outubro e novembro, e separamos uma área para essa pesquisa. O Indea veio no final de janeiro, vistoriou essa área e aprovou a mesma para a pesquisa. Não tinha soja anteriormente plantada, portanto, não seria plantio de soja sobre soja. Uma semana depois voltou com a proibição, de forma ríspida, porém grande parte já tinha sido plantada”, contou.
A pesquisa deixa claro que o plantio de soja em fevereiro respeita o vazio sanitário. Além disso, o cultivo será de semente para uso próprio, que cultivadas nesse período, tem maior qualidade.
Marcos Roberto Bravin, produtor de Primavera do Leste, também participa da pesquisa e demonstra preocupação e indignação diante da situação. “Fica aqui a minha indignação e protesto quanto ao que está acontecendo. Porque estávamos fazendo tudo legalmente. Antes da calendarização do plantio da soja, a gente fazia semente salva em fevereiro, e nunca adentramos o vazio sanitário, e sempre foi a melhor semente para produção em cima de germinação, vigor e controle de Ferrugem”, pontuou.
De acordo com a pesquisa, a diferença cai de no mínimo oito aplicações de fungicida em dezembro, para quatro em fevereiro, conforme comprova, o produtor. “Em dezembro eu fazia até 11 aplicações de fungicidas e muitas de inseticida para o percevejo. Já em fevereiro reduziu para quatro aplicações para combater a Ferrugem e menos aplicações ainda, para o percevejo”, explicou Bravin.
Ele acredita que também faltou apoio de outras entidades ligadas ao agronegócio. “Estou muito triste porque a Famato que era para nos defender, simplesmente nos abandonou e foi contra o produtor não sei o porquê. Fica aqui meu apelo e tristeza por combinar algo com os órgãos do estado e agora vai tudo por água abaixo? Fomos notificados e não sabemos como faremos diante do prejuízo que poderemos ter com tudo isso. Os fiscais ficaram de voltar na propriedade para falar o que vai ter que fazer daqui para frente”, desabafou o produtor Marcos Bravin.
“O produtor não pode mudar as coisas de um dia para outro, qualquer planejamento leva meses e agora com essa ameaça de multa, e até mesmo de destruição de lavoura, corremos o risco de perder a safra do ano todo, e o pior perder toda produção de semente para o resto da área da propriedade. E eles não têm nenhum dado científico, nem respaldo para tomarem essa decisão”, ressaltou Cristian Braun.
Conforme o vice-presidente da Aprosoja, Fernando Cadore, o trabalho é realizado dentro da lei e baseado em um acordo com todos os entes interessados e órgãos de controle. “Todos concordaram com essa pesquisa, os produtores plantaram a soja em fevereiro e agora podem ter um grande prejuízo. O Ministério Público, atendendo uma demanda de outras entidades, que não representam os produtores de soja, cometeu essa injustiça que pode ser prejudicial para a próxima safra. Nós esperamos que isso seja revertido”, defendeu Cadore.
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