Legado que Construímos: Pedro e Regis Porazzi e a história de sucessão familiar no agro de Mato Grosso

Em 2003, Regis Adriano Desordi Porazzi, produtor e delegado da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) em Tapurah, deixou para trás sua cidade natal, Ijuí, no Rio Grande do Sul, e se mudou para o Mato Grosso com um objetivo claro: garantir um futuro melhor para sua família e continuar a tradição familiar no campo.

Aos 33 anos, ele e sua esposa, Marlene Rosa Massafra Porazzi, enfrentaram as dificuldades iniciais de uma nova vida em Mato Grosso, onde, com muita dedicação e esforço, começaram a construir a fazenda que hoje é parte do legado da família. "Eu sempre fui muito católico e pedi a iluminação de Deus para me conduzir para uma região que fosse do tamanho do meu sonho", conta Regis, refletindo sobre a decisão que tomou.

Foi nesse cenário de muito trabalho que Pedro Massafra Porazzi cresceu, absorvendo os ensinamentos de seu pai e a paixão pela terra que já fazia parte da família há gerações.

"Esse amor vem de berço, prefiro dizer assim, desde pequeno eu sempre tive muita paixão pelo agronegócio, sempre fui companheiro do meu pai aqui na fazenda, estava sempre por dentro do trabalho, acompanhando ele, ajudando a resolver problema e eu digo que é de sangue esse amor, porque eu sou a quinta geração da família que segue esse caminho, o ramo da agricultura, o ramo de produzir alimento para o mundo, de botar comida no prato das pessoas e é um prazer imenso poder estar fazendo esse trabalho e seguindo os caminhos do meu pai", diz Pedro, que hoje, aos 22 anos, já soma alguns anos de experiência no campo.

Pedro relembra com carinho o início da jornada de seu pai. “Eu vejo as fotos no álbum da família e até me emociono. Os desafios que meus pais passaram no começo, quando começaram a abrir as terras, meu pai dormia em barraco de lona, foi um desafio muito grande e eu sou muito grato por tudo que eles fizeram, por mim e por minha irmã”, relata.

O processo de sucessão na família Porazzi, veio de forma natural, com a participação de Pedro na rotina do campo.

"Ter crescido em uma família de produtores foi muito gratificante. Eu acho que quando você é criado no meio rural, junto ao negócio da família, você já tem um horizonte, já tem um caminho a ser seguido. E o mais importante disso é a experiência que você aprende seguindo os passos do teu pai ao lado dele. Desde pequeno, pelo fato de eu estar sempre com ele, eu tenho certeza que eu não seria quem eu sou hoje se não fosse meu pai", conta. A convivência próxima com o pai foi um aprendizado constante, que o preparou para os desafios do campo e o tornou mais preparado para seguir na agricultura. "Meu pai é o maior exemplo que eu tenho. Se eu conseguir ser metade do homem que ele é, já estarei muito feliz", diz Pedro, destacando a importância dos ensinamentos de seu pai.

Regis, por sua vez, enfatiza o orgulho ao ver seu filho continuar sua trajetória no campo.

"A presença do Pedro na fazenda é o recheio do bolo. Ele traz juventude, novas ideias e energia, e isso é fundamental para o futuro do que estamos construindo", afirma. Regis não esconde o orgulho de ver o filho assumir a responsabilidade pela fazenda e dar continuidade ao legado familiar. "Ver que ele está seguindo os passos que dei, e continuar a história, me dá um grande orgulho", diz o produtor.

Embora a trajetória tenha sido marcada por desafios, tanto no início quanto no presente, a sucessão familiar sempre foi um objetivo claro para ambos. Pedro acredita que, para o agronegócio sobreviver e prosperar, é essencial que a próxima geração seja bem preparada.

"Os pais precisam mostrar a realidade do agro para os filhos, que nem tudo é mil maravilhas, nem tudo vem de graça, tudo tem um preço a ser pago. E o agronegócio é assim, tem seus altos e baixos, tem muitas frustrações de safras, muitas variações de preços e é preciso estar preparado para enfrentar os obstáculos que surgem", afirma. Para ele, o agro é mais do que uma profissão; é uma responsabilidade, um compromisso com a terra e com as futuras gerações.

Hoje, a família Porazzi segue firme no campo, com a certeza de que o legado será passado para as gerações seguintes. "Também pretendo trazer minha família para dentro do agronegócio, dentro da fazenda e meu filho, no futuro, desejo que siga o mesmo caminho que eu, que meu pai, que meu avô, que meu bisavô e assim em diante”, diz Pedro.

Regis, ao olhar para o futuro, também vê a continuidade da história como a chave para o sucesso. "Eu espero que a nossa história seja lembrada por muitas gerações e que, no futuro, nossos netos e bisnetos sigam o mesmo caminho", conclui.

A história de Pedro e Regis Porazzi é uma história de perseverança e trabalho árduo. De pai para filho, a trajetória no agro continua mantendo vivo o legado familiar e os valores que sustentam o agronegócio de Mato Grosso.

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