Há dez anos, os agricultores sofriam com uma séria crise econômica que estava comprometendo o negócio. A baixa cotação da soja no mercado externo e os altos preços de insumos, além da precária logística, acabavam com os lucros da atividade. Por isso, um grupo de agricultores de Ipiranga do Norte (450km de Cuiabá) iniciou uma manifestação que logo se expandiu para Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e foi se ampliando para outras regiões produtoras do Brasil.

“O Grito do Ipiranga significou a sobrevivência do agronegócio em Mato Grosso. Foi também um divisor de águas para as associações e entidades do setor. Depois deste movimento, elas ficaram mais fortes e representativas, tanto que hoje estamos em um nível alto de debate político tanto na esfera estadual, quanto na federal”, disse Endrigo Dalcin, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).

Ao fim, dez estados brasileiros aderiram à manifestação.  A principal ação foi o fechamento da rodovia federal BR-163, isolando todo o Norte de Mato Grosso por vários dias. Os transportadores de cargas se uniram à iniciativa e houve o bloqueio de rodovias federais em 12 municípios de Mato Grosso por quase dois meses. Na região de Sorriso, cerca de 30 armazéns foram interditados. 

A pauta de reivindicações incluía itens como redução do preço de combustível e defensivos, a conclusão da rodovia federal BR-163 até Santarém, o alongamento de dívidas rurais e alterações na política cambial brasileira.

Para celebrar os dez anos deste movimento que uniu os agricultores de Mato Grosso e de todo o País, e culminou no fortalecimento e crescimento da Aprosoja, será realizado um ato nesta quinta (21), em Ipiranga do Norte.  O Sindicato Rural da cidade espera receber no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) mais de 2.500 pessoas. 

 A iniciativa é do Sindicato Rural em parceria com a prefeitura municipal, Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) e CTG.

A cerimônia começará às 9h com discurso das autoridades e a leitura oficial da "Carta de Ipiranga". A carta relata as dez principais reivindicações proclamadas na época e traz uma retrospectiva e avaliação precisa do que foi "amenizado" e os problemas que permaneceram insolúveis até os dias atuais.

Para Valcir Batista, presidente do Sindicato Rural de Ipiranga do Norte, o momento é de reflexão. "Queremos sensibilizar as autoridades de Mato Grosso para que as reivindicações dos agricultores sejam atendidas. Através deste movimento vamos chamar a atenção dos nossos representantes políticos para uma reflexão da atual situação em que vive a nossa região e o estado", apontou.