Centros de pesquisa da Aprosoja MT destacam alternativas de manejo para garantia de produtividade das culturas

As visitas técnicas do CTECNO Parecis e Araguaia, em 2024, reuniram mais de 850 participantes e apresentaram soluções práticas para aumentar a produtividade e preservar o solo

Aprosoja Mato Grosso

Os dias de campo promovidos pelos Centros Tecnológicos (CTECNOs), da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Groso (Aprosoja MT), em 2024, foram um marco de aprendizado e inovação. Com a participação de mais de 850 produtores, as visitas técnicas nas regiões do Parecis e Araguaia destacaram as alternativas de manejo para enfrentar os desafios da produção agrícola, um tema crítico para a agricultura atual.

As etapas de soja e milho no CTECNO Araguaia, realizadas em fevereiro e abril, e as respectivas etapas no CTECNO Parecis, em janeiro e abril, trouxeram avanços significativos.

Os produtores tiveram a oportunidade de visualizar tecnologias e resultados práticos que podem ser implementados em suas lavouras. Segundo Luiz Pedro Bier, vice-presidente da Aprosoja MT, os CTECNOs desempenham um papel fundamental na geração de conhecimento adaptando às necessidades dos produtores de cada região. “O CTECNO Araguaia, em particular, é o único centro de pesquisa especializado em solos siltosos do país, tornando-se uma referência importante”, destaca Bier.

Na etapa do Araguaia dedicada à soja, foram apresentados três experimentos de pesquisa. As estações discutiram o potencial agrícola de solos siltosos e rasos, além de abordar o suprimento de potássio para o solo, onde se concluiu que a adição do nutriente não aumenta a produtividade quando a concentração já é superior ao nível crítico. Os participantes também puderam observar 32 cultivares de soja em uma vitrine, promovendo discussões sobre o desempenho das variedades.



Em abril, a etapa do milho incluiu discussões sobre planejamento agrícola e riscos climáticos, além de boas práticas operacionais e a utilização de drones para aplicação e a cultura do gergelim como uma opção de segunda safra. Ensaios sobre a influência de nitrogênio no desenvolvimento de sorgo e gergelim mostraram que, levando em consideração a viabilidade econômica, a aplicação adequada do nutriente pode aumentar a produtividade. Os participantes acompanharam as vitrines que continham 28 materiais de milho, semeados em duas épocas, e de culturas alternativas para a safrinha, sendo 13 materiais de culturas graníferas e seis de cobertura.

Vale destacar que, assim como no restante do estado, uma das maiores preocupações dos produtores girou em torno do atraso nas chuvas e do plantio da soja. O atraso no período da semeadura que prejudica não só o desenvolvimento da oleaginosa, também pode interferir na área de milho plantada na segunda safra, fazendo o produtor recorrer a culturas alternativas que desenvolvem em um ciclo menor e sob estresse hídrico, como o gergelim e o sorgo.

Neste ano, a Aprosoja MT elaborou um plano hidrológico para a área experimental do CTECNO Araguaia. Devido as características do solo e ao clima da região, o plano ajuda a garantir maior confiabilidade nos resultados experimentais. Além disso, é uma vitrine única, que permite avaliar e discutir estratégias de manejo em áreas de solos siltosos e rasos, localizados em uma região de chuvas intensas, com potencial erosivo elevado.

O produtor rural e vice-presidente leste, Diego Dall Asta, destacou a importância das pesquisas para o cotidiano. “O solo siltoso enfrenta desafios como a compactação e o encharcamento. O CTECNO oferece ferramentas práticas que auxiliam os produtores a estabelecer culturas de soja com maior tecnificação e produtividade”, explicou.

O Parecis contou com a presença do professor Alencar Zanon, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ele abordou a ecofisiologia da soja e estratégias para o desenvolvimento da cultura, mesmo diante do estresse hídrico registrado na safra 23/24. Durante o evento foram discutidos os efeitos da palhada na adubação potássica e das plantas de cobertura em anos de déficit hídrico.

"A otimização do uso do solo, especialmente os arenosos, traz maior rentabilidade ao produtor, e contribui para a sustentabilidade. Ao capturar o carbono da atmosfera e incorporar por meio do aumento da matéria orgânica na palhada, torna o solo mais verde", afirmou Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja MT.

Ainda durante o evento, os participantes puderam acompanhar os resultados dos ensaios que envolveu o mix de coberturas e o controle da cigarrinha na cultura. O destaque ficou para os sistemas de produção com a presença de braquiária, que proporcionaram melhor cobertura do solo e, consequentemente, puderam garantir uma melhor retenção da umidade para a próxima safra de soja.

Também, foi demonstrado a campo como a profundidade de deposição da semente impacta no desenvolvimento da cultura e que, o milho, deve ser cultivado em profundidade superior ao praticado para a soja, a fim de garantir uma boa germinação e emergência de plântulas, atingindo o estande desejado.

O produtor rural de Campo Novo do Parecis, Ari Velke, destacou a necessidade de vincular os dados das pesquisas com os resultados da lavoura. “Para nós é muito importante, uma vez que ganhamos experiência vendo como funciona o manejo de plantas para cobertura. Isso traz benefício e desenvolvimento para nossas áreas arenosas”, afirmou.

Os Centros de Pesquisas foram criados pela entidade para gerar dados confiáveis e serem independentes de interesses comerciais. “As pesquisas e os boletins técnicos auxiliam na tomada de decisão mais acertada, principalmente nos momentos mais crítico, de maior necessidade, quando é necessário reduzir ou fazer um investimento”, destaca Fernando Ferri, coordenador de Defesa Agrícola e vice-presidente sul da Aprosoja MT.

A equipe técnica tem analisado manejos de cultura para melhorar a produtividade, como testar a eficiência da adubação, plantas de cobertura, as variedades de soja e híbridos de milho, e as culturas alternativas para segunda safra. “A Aprosoja MT trabalha cada dia mais para que o produtor tenha maior retorno financeiro. Esta é uma das missões da entidade, trazer resultado para o produtor”, conclui Ferri.

Vitória Kehl Araujo

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