Produtores agregam conhecimento sobre solos siltosos na região do Araguaia

Produtores agregam conhecimento sobre solos siltosos na região do Araguaia

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) promoveu uma visita ao Centro Tecnológico da região Araguaia, o CTECNO Araguaia, nesta terça-feira (6), para apresentar informações sobre o solo da região aos produtores. O CTECNO Araguaia fica localizado no município de Canarana, na Fazenda Nossa Senhora Aparecida.

Na ocasião, os produtores acompanharam palestras sobre as características físicas do solo da região, que é altamente siltoso; além de adubação nitrogenada em milho de segunda safra em solos de textura média arenosa; sistemas de produção em solos de textura arenosa e manejos de solo para controle de ervas daninhas, com foco no capim pé de galinha.

Os produtores também analisaram, junto aos especialistas presentes no evento, as características do solo da região em uma trincheira aberta na lavoura de milho.

De acordo com o vice-presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, o CTECNO da região é um sonho que os produtores estão realizando, pois o estado possui vasta área de solos com características semelhantes, que pode ser convertida de pastagens para lavouras. A área estimada por Lucas é de aproximadamente 3,5 milhões de hectares.

“Isso é muito importante, não só para os produtores, mas para a economia do estado e para o meio ambiente. Podemos deixar de usar novas áreas, primeiramente convertendo essas áreas que já estão abertas. O solo siltoso, ele tem uma peculiaridade, pois ele reúne desvantagens do solo arenoso, como do solo argiloso”, pontua Lucas.

O principal desafio, na avaliação do vice-presidente, é garantir mais produtividade para o milho de segunda safra, assim como mais rentabilidade para o produtor. Lucas ainda lembra que a Aprosoja-MT é pioneira ao realizar pesquisas neste tipo de solo, além de que as pesquisas não possuem nenhum vínculo com empresas, o que garante a isenção dos estudos.

“As demandas são dos produtores e as pesquisas não têm vínculo comercial com nenhuma empresa, para que todos os resultados, sejam eles bons ou ruins, cheguem na mão do produtor, para que ele possa tomar a decisão certa, com independência, isenção, e acima de tudo, com a credibilidade da Aprosoja-MT”, enfatiza.

Já o pesquisador e consultor da Aprosoja-MT, Leandro Zancanaro, destaca que a principal mensagem da visita ao CTECNO Araguaia é que o solo siltoso da região precisa ser corrigido quimicamente, assim como outros tipos de solos, mas que no futuro vai depender mais do conjunto de culturas cultivadas ao longo do tempo para contornar a questão hídrica.

“O principal desafio é compreender que cada solo tem uma aptidão. Cabe a nós adequar o uso desse solo, pensando na questão econômica e como tornar esse solo cada vez mais produtivo”, afirma.

“Sua grande particularidade é a dinâmica da água. É um solo em que vai ter menos água, não por causa da questão do silte por si só, mas pelo contexto geral. Escorre muita água em razão do selamento, então, mais do que nunca a soja vai depender do milho, da braquiária, de outras culturas e vice-versa”, acrescenta Zancanaro.

O pesquisador também ressalta que os trabalhos em campo no CTECNO permitem aos pesquisadores vivenciarem na pele o que passam os produtores. Isto porque os produtores precisam tomar decisões quase que diariamente e que precisam estar atentos a inúmeras variáveis, assim como os riscos de cada decisão.

“É muito mais fácil falar do ponto de vista teórico, apresentar um resultado, do que tomar uma decisão. O produtor, ele toma decisão toda hora. Já a pesquisa trabalha com situações controladas, então, muitas das vezes, o resultado é muito mais fácil de apresentar do que executar. É uma satisfação total se colocar no lugar do produtor no CTECNO”, acrescenta.

O produtor Jardel Oliveira destaca que está na atividade há poucos anos e que enfrentou muitas dificuldades no início. O principal desafio, conta ele, era definir a profundidade correta das sementes, além de plantar na janela ideal, pois com uma semente muita profunda e um solo que se compacta rapidamente, o risco pode ser grande.

Para ele, a principal lição da visita ao CTECNO é a necessidade de reforçar o trabalho com plantas de cobertura, para garantir uma palhada suficiente para manter o solo com estoque hídrico razoável para o plantio.

 “A gente precisa disponibilizar um tempo para estar trocando uma ideia, hoje o agricultor aprende muito um com o outro, a gente cada vez aprende uma coisinha. A questão do solo, que é bem compactado, a água bate e escorre. Se for uma chuva muito pesada, ela vai só lavar o solo, eu preciso ter uma boa palhada para fazer a água trabalhar, eu aprendi isso”, conta.

Já o coordenador da Comissão de Defesa Agrícola da Aprosoja-MT, Fernando Ferri, pontua que as pesquisas feitas pelo CTECNO em solos siltosos são inovadoras e que o objetivo é mostrar aos produtores parâmetros de cultivos em áreas de silte. Para ele, o principal desafio desse tipo de solo é fazer com que as raízes das plantas se aprofundem mais no solo.

“O objetivo é trazer pesquisas, para que os associados que estejam cultivando em áreas de silte, tenham um parâmetro: como começar, como terminar, que tipo de adubação, calagem, equipamento a ser usado, são mistérios que vamos desvendar para que o associado encurte o caminho do sucesso. Às vezes, o cara testa um ano, testa o outro e vai aprendendo na dor, a função da Aprosoja-MT é encurtar esse caminho”, afirma Ferri.

Também participaram da visita o vice-presidente da região Leste, Diego Dallasta, o vice-presidente da região Sul, Jorge Giacomelli e o conselheiro fiscal Diogo Rutilli. Além disso, houve os pesquisadores que realizaram as palestras: o engenheiro agrônomo e doutor em Ciências do Solo, André Somavilla; e os pesquisadores do CTECNO, Daniela Basso Facco e Rodrigo Hammerschmitt.

Najylla Cristina Oliveira Nunes

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