Falta de chuvas é a principal preocupação do produtor neste momento em Mato Grosso
Falta de chuvas é a principal preocupação do produtor neste momento em Mato Grosso
O céu limpo, azul, sem nenhuma nuvem e as altas temperaturas nos últimos dias em Mato Grosso anunciam a preocupação do produtor rural no Estado: sem chuva não há plantio de soja. Poucos produtores rurais, geralmente os maiores, já iniciaram. A chance do replantio, no entanto, vem na mesma proporção.
Além de "chuva", a palavra mais ouvida durante a sétima edição do Circuito Tecnológico - Etapa Soja é esperança. "Estamos já com 200 hectares preparados para o plantio e na esperança de chover no fim de semana. É preocupante porque estamos atrasados em relação ao ano passado", diz Roberto Palo, gerente da Fazenda Agropec, de propriedade de Antônio Olímpio Filho, no município de Juara.
O Circuito é realizado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), em parceria com o Imea e Embrapa, e consiste em rodadas técnicas nas maiores regiões produtoras de soja para fazer um raio X da safra 2015/16. Também é durante o evento que as equipes da associação entendem os anseios do produtor.
"Essas captações de informações in loco são fundamentais para depois, trabalharmos internamente na entidade visões e ações estratégicas para o próximo ano ou para os próximos anos. É também nesses momentos que nos aproximamos dos nossos associados e daqueles que se interessarem em se associar", diz Franciele Dal'Maso, analista de projetos da Aprosoja, líder de equipe 8 neste ano do Circuito Tecnológico e pelo sexto ano participando do evento.
Uma outra fronteira - Outro ponto possível de ter sido levantado durante esta edição do Circuito Tecnológico é que uma parte da Região Oeste, principalmente nos municípios de Brasnorte, Juara e Juína, é que a pecuária tem sido, aos poucos, substituída pelos grãos. Em boa parte dos casos, há a Integração Lavoura Pecuária (ILP).
"Comecei o plantio de soja em 2014 pra melhora do pasto, mas também pra ter outra renda. É claro que é uma adaptação, mesmo porque a agricultura pede uma forma de planejamento diferente da pecuária. Aqui, quem é pecuarista tradicional não arrisca, mas assim como eu, outros tem buscado novas formas de recurso, agindo com cautela sempre", afirma Wagner Piccin, proprietário da Fazenda Nova Campinas.
De origem paranaense, Piccin é pecuarista desde a década de 1980. No último ano plantou 300 hectares de soja. Para a safra 2015/16, o passo já foi um pouco além: quando a chuva aparecer, serão 405 hectares. "E se tudo correr bem, ano que vem vou ampliar a lavoura em 150 hectares, mas pretendo plantar arroz. O objetivo pro futuro é chegar ao máximo a 800 hectares de pecuária e 800 hectares de lavoura", planeja.
Para Celso Azoia, pecuarista há 30 anos em Mato Grosso e pelo primeiro ano abrindo a lavoura para receber a soja, a chegada do grão é um - bom - caminho sem volta. "Não só eu como outros diversos produtores daqui têm aberto a lavoura, seja para testar como para obter uma outra renda. É preciso planejamento para tal, uma vez que são negócios diferentes, mas vejo que as lavouras aqui nesses municípios são sim um caminho sem volta", afirma.
A analista Franciele Dal'Maso concorda com Azoia: quem estiver optando pela troca da pecuária pela lavoura ou pela integração precisa de planejamento e, claro, cautela. "Os riscos na pecuária são menores ou para quem está nela há muitos anos, como notamos na região Oeste, acaba tendo mais receio de arriscar. No caso da agricultura, é preciso investimento em maquinários, insumos e profissionais da área para atender o setor. Porém, com mais planejamento, o retorno pode também ser muito maior que da pecuária", explica.
O roteiro - O Circuito Tecnológico - Etapa Soja de 2015 deve percorrer cerca de 10 mil quilômetros. Na primeira semana, de 19 a 24 de outubro, serão feitos levantamentos nas regiões Norte e Oeste. Em seguida, de 26 a 30 de outubro, as equipes passam pelo Leste e Sul de Mato Grosso.
Além de entrevistar proprietários ou gerentes das fazendas visitadas, as equipes recolhem amostras de sementes e fertilizantes para serem analisados. Os resultados servem para banco de dados da Aprosoja e para os próprios produtores, que devem receber os resultados em novembro.
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