Desafios para a soja nos EUA: solos secos, ondas de calor e falta de chuvas ameaçam produção
Desafios para a soja nos EUA: solos secos, ondas de calor e falta de chuvas ameaçam produção
O clima seco e as altas temperaturas podem comprometer a safra americana de soja, que está na fase de enchimento de grãos, que exige mais disponibilidade hídrica. A avaliação é do vice-presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, que percorreu o “Cinturão do Milho” nos EUA para conhecer de perto as lavouras e repassar essas informações aos agricultores brasileiros.
Já a cultura do milho está praticamente consolidada, com as plantas nas últimas fases de desenvolvimento, já mais próximas da colheita. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 58% das lavouras do cereal estão classificadas como boas ou excelentes e a produção deve ser de 383,8 milhões de toneladas.
“O que a gente tem visto está bem parecido com o relatório do USDA”, enfatiza Lucas. “A safra americana de milho não é para ter quebra grande, mas também não deve surpreender a produção. O que o mercado enxerga hoje e ele já está contando os números da safra americana, está contabilizado e precificado”, completa Lucas.
Por outro lado, as lavouras de soja estão na fase mais delicada e o clima não tem contribuído para seu desenvolvimento. De acordo com Lucas, a cultura deve enfrentar os desafios climáticos, com solos secos, ondas de calor acima da média e falta de chuvas, que podem impactar diretamente o enchimento de grãos e, por consequência, a produtividade.
“As lavouras de milho estão adiantadas e, daqui para frente, o clima tem pouca influência. Já as lavouras de soja estão em pleno enchimento de grãos e já faz seis dias que não chove no meio Oeste. Não tem previsão de chuva para os próximos dias e ondas de calor acima da média podem causar redução da safra, em comparação com o último relatório do USDA”, avalia Lucas.
No último relatório, divulgado em 11 de agosto, o USDA já havia feito uma redução na estimativa de safra, passando para 114,45 milhões de toneladas da oleaginosa. A previsão feita pelo mesmo órgão, em julho desse ano, era de 117,03 milhões de toneladas, diferença de 2%, influenciada pela redução da produtividade.
Durante a missão “América Clima e Mercado”, o vice-presidente da Aprosoja-MT e o coordenador da Comissão de Defesa Agrícola da entidade, Fernando Ferri, visitaram os estados mais importantes na produção agrícola. O que mais chamou atenção dos diretores da Aprosoja foi o Kansas, onde Lucas e Ferri registraram temperaturas de 45°C.
Os estados visitados foram: Iowa, Illinois, Nebraska, Minnesota, Indiana, Kansas, Dakota do Sul, Dakota do Norte, Missouri, Wisconsin e Ohio. Lucas e Ferri também visitaram estados menos expressivos no agro, como o Arkansas, Oklahoma e Texas. “Foi importante ver esses estados para entender a dimensão geográfica e como o clima está se comportando”, explica Lucas.
AMÉRICA CLIMA E MERCADO
O projeto América Clima e Mercado surgiu dentro do Aproclima para levar informações fidedignas aos produtores de Mato Grosso sobre a safra americana, que tem um papel importante na definição de preços das commodities. Esta é a segunda temporada do projeto. Já a primeira foi realizada em junho, pouco depois do início do plantio da soja e milho.
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