Aprosoja-MT participa de seminário em Brasília sobre o armazenamento de grãos

“Temos que investir em armazenagem e fica aqui a sugestão para, quem sabe, evoluirmos para o incentivo de subsídios diversos, focados, nesse momento emergencial, para que possamos superar esse “apagão da armazenagem” que estamos vivendo agora no Brasil”, assim iniciou o Seminário da Câmara Temática de Armazenagem da Frenlogi, o deputado federal Diego Andrade, presidente em exercício da Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura.

O evento foi realizado nessa quinta-feira (24), em Brasília. A Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) é uma das apoiadoras do Seminário e o diretor Executivo, Wellington Andrade, representou a entidade e também participou em um dos painéis de discussão.

Diego argumentou que a safra brasileira 2022/2023 deve alcançar mais de 310 milhões de toneladas de grãos, mas a armazenagem é de apenas 188 milhões. O parlamentar definiu que os caminhões estão virando “verdadeiros armazéns” devido a incompatibilidade dos números de armazéns para absorver a produção.

Nesse ponto, o parlamentar presidente da Frenlogi lamentou as imagens de milho exposto a céu aberto, em Mato Grosso, por não ter como ser armazenado. Diante disso, Diego propôs que seja criado uma espécie de “Proinfra da armazenagem”. O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica foi criado pelo governo federal em 2002, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento das fontes alternativas de energia.

“É uma crise similar que estamos vivendo na armazenagem brasileira, que gera efeitos desastrosos para toda a população brasileira”, comparou.

O investimento em armazenagem é cada dia mais necessário. Isso porque a produção tem crescido progressivamente, ano após ano, mas o armazenamento não acompanha esse ritmo. O diretor-executivo da Aprosoja-MT, Wellington Andrade, detalhou que Mato Grosso já produziu nessa safra 22/23 praticamente 90 milhões de toneladas de grãos, sendo 43 milhões de toneladas de soja e 51 milhões de toneladas de milho. Apenas 49,4% dessa produção pode ser armazenada. A previsão para 2032 é a produção de 142 milhões toneladas de grãos.

Um passo importante dado nesse caminho é que muitos produtores rurais conseguiram compreender a necessidade de investir no armazenamento da produção dentro da propriedade.

Por meio do Programa Armazém para Todos, da Aprosoja-MT, o produtor pode fazer uma simulação sobre quanto deve ser investido nessa estrutura de armazenagem. O programa foi criado há três anos e tem servido como uma bússola para os produtores rurais.

Contudo, Wellington destacou a burocracia como um dos obstáculos para o produtor acessar o crédito para investir na armazenagem. Além disso, o recurso estimável disponível deveria ser de R$ 15 bilhões por ano para começar a equalizar o déficit no Brasil.

“Além disso, a armazenagem atual está concentrada em centros urbanos e industriais e apenas 15% nas fazendas. Entendemos o esforço do governo, foi aumentado o volume financeiro do Plano Safra, mas ainda é insuficiente, poucas obras são financiadas pelo PCA e poucos são os tomadores desses recursos, poucos produtores conseguem acessar”, analisou o diretor-executivo.

Para o senador por Mato Grosso, Mauro Carvalho, o maior problema hoje é o acesso ao crédito, ao financiamento da obra, por ser um processo extremamente burocrático. Na avaliação do senador, é necessário um plano estruturante de armazenagem no Brasil.

“Esse plano não existe e isso causa os déficits que temos visto. Todos aqui conhecem os problemas que temos atravessado nesses últimos anos por conta do aumento da nossa produção. Se tivermos aqui um grupo do trabalho envolvendo o BNDES, Banco do Brasil, o Mapa, a Conab, junto com a Frenlogi, certamente vamos destravar o problema da armazenagem”, defendeu Carvalho.

Participaram do evento representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Companhia Nacional do Abastecimento, entre outras instituições ligadas ao tema.