Aprosoja debate construção da Ferrogrão com produtores rurais
Aprosoja debate construção da Ferrogrão com produtores rurais
A logística deficitária para o transporte da safra mato-grossense não é uma novidade. Basicamente, os grãos e demais produtos produzidos no Estado são transportados por rodovias, especialmente pela BR-163. Com o volume crescente da produção agrícola, esta estrada já não está mais suportando o volume transportado. Desta forma, os modais ferroviário e hidroviário mostram sua importância.
Para debater a construção da Ferrogrão, ferrovia que ligará Sinop (MT) a Miritituba (PA), o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Antonio Galvan, realizou reuniões com produtores rurais dos municípios de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop e Campo Novo do Parecis.
“A ideia é que os produtores rurais de Mato Grosso tirem a Ferrogrão do papel. Os agricultores ganhariam com a valorização da terra, o menor custo de transporte e os lucros com a operação da ferrovia, já que seriam sócios. Aliás, estudos econômicos demonstram que seria incorporando mais valor ao produto, já que o preço do frete seria reduzido, em média, R$ 50,00 por tonelada no estado”, explica Galvan.
Os produtores rurais são unânimes em reconhecer a importância da ferrovia para a logística estadual. “Não podemos menosprezar o potencial que a Ferrogrão tem para o estado e para o país”, afirma César Martins, delegado coordenador da Aprosoja em Nova Mutum. O presidente do Sindicato Rural do município, Emerson Zancanaro, reforça que a ferrovia é essencial porque, competindo com a Ferronorte, os produtores ganhariam desconto no frete final geral. “Somos o município mais longe de qualquer porto, então haveria grande benefício. Com competição, o frete vai cair”, diz.
Para o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson José Redivo, a ideia é excelente. “A ferrovia é importante para o escoamento e tenho certeza que os produtores rurais vão querer investir nela”, menciona. Da mesma forma, o delegado coordenador do Núcleo de Sinop, Leonildo Bares, vê com bons olhos o projeto. “Temos que entrar em outra modalidade de transporte, é preciso ter concorrente ao transporte rodoviário. Como a economia do Brasil não vai bem e o governo federal não tem interesse de investir, resta às entidades do agronegócio cogitar isso”, ressalta.
Em Campo Novo do Parecis, segundo a delegada coordenadora do Núcleo, Magda Ortolan, os produtores gostaram da ideia, porém, é preciso incluir a região Oeste no projeto. “O que temos ouvido é que é uma ideia interessante para o produtor rural, mas a região Oeste não pode ficar esquecida”, diz. A presidente do Sindicato Rural do município, Giovana Velke, reforça que é preciso verificar a viabilidade econômica deste projeto, mas que o mesmo é uma importante alternativa.
O produtor rural de Lucas do Rio Verde, Joci Piccini, acredita na viabilidade do projeto. “Creio que a Ferrogrão vai mudar a logística de Mato Grosso, até mesmo para regiões mais distantes da malha. Vamos ter um frete estabilizado, já que muitas vezes, o frete é maior que o valor do produto. A Aprosoja está no caminho certo de fazer com que os produtores do estado se unam”, afirma.
“A Ferrogrão não irá beneficiar somente o produtor rural, mas todas as cadeias produtivas do Estado. Hoje a logística de caminhão é a mais cara, então fazendo um mix de modais para transportar produtos já auxilia muito”, diz Carlos Alberto Simon, presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde. Para ele, a participação do produtor rural no projeto é válida. “Tendo um estudo de viabilidade, acho muito interessante o produtor ser dono e poder controlar os valores de transporte”, diz.
Para o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Luimar Luiz Gemi, a iniciativa da Aprosoja em dar o pontapé neste projeto é muito importante. “Além de administrarmos o transporte, reduzindo o custo das commodities, também conseguiremos controle de preços dos demais transportes no Estado. Para Sorriso, a ferrovia é muito importante porque nosso gargalo é a logística. Como temos problemas de armazenamento da segunda safra, esse transporte favoreceria também neste sentido”, frisa.
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