Plantio de soja em fevereiro reduz pela metade o uso de defensivos

Plantio de soja em fevereiro reduz pela metade o uso de defensivos
A redução no número de aplicações de defensivos na lavoura foi um dos resultados da pesquisa sobre o uso de fungicidas biológicos e com multissítios no combate à Ferrugem Asiática. O estudo foi realizado no ano passado pela Fundação Rio Verde e Instituto Agris e demonstra a viabilidade técnica e econômica do cultivo da soja em fevereiro. Conforme o engenheiro agrônomo, pesquisador e professor doutor Erlei Mello Reis, responsável pela pesquisa, a diferença cai de oito aplicações em dezembro, para quatro em fevereiro.  Os dados foram apresentados em evento realizado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) na quarta-feira (26.02), na sede da entidade.
 
A pesquisa deixa claro que o plantio de soja em fevereiro respeita o vazio sanitário. Além disso, o cultivo será de semente para uso próprio, que cultivadas nesse período, tem maior qualidade.  O professor Erlei explica que foram selecionadas 28 áreas experimentais dentro do Estado para a realização da pesquisa. “Chegamos à conclusão que a intensidade da ferrugem no cultivo de fevereiro foi bem menor, consequentemente houve menos uso do defensivo, o que é melhor para o meio ambiente. Além dessas vantagens, a qualidade da semente da soja cultivada em fevereiro é bem melhor. Esses dados são irrefutáveis e só podem ser contestados com outra pesquisa, por isso a soja de fevereiro deveria ser liberada”, defendeu.
 
Para o presidente da Aprosoja, Antonio Galvan, a pesquisa demonstra a viabilidade para o cultivo da soja em fevereiro. A proposta é trazer as experiências que já vêm sendo praticadas há anos no campo e tem dado certo. “Isto está mais do que provado com essa pesquisa e o que nós queremos aqui é buscar outras alternativas para retirar esse produto soja sem uso de fungicidas químicos trazendo experiências próprias, como apresentou aqui Rogério Vian, de Goiás, como acontece no Paraguai”, destacou. 
 
Conforme Galvan, a entidade faz um alerta para a realidade que está acontecendo no campo, principalmente quanto a falta de inovações por parte das empresas de pesquisas relacionadas a ineficiência dos fungicidas.
 
Além dos técnicos da Aprosoja Mato Grosso e produtores que plantaram soja em fevereiro, participaram do encontro especialistas no tema, como o produtor Cassiano Seraguci do Estado da Bahia. “Fizemos um trabalho de estabilização da cultura com aumento da resistência de plantas, o que proporcionou a diminuição do uso de químicos, consequentemente houve uma produtividade maior. Isso representa mais economia para o produtor e para o meio ambiente”, pontuou. 
 
Para Cassiano a Aprosoja-MT está no caminho certo. “Fizemos a experiência em fevereiro, na verdade no período cheio de outubro a março, é um conjunto de atitudes para melhor desenvolvimento do solo e da planta, pois a planta estando bem, ela pega menos doença e consequentemente usamos menos fungicidas para combater a Ferrugem”, afirmou.
 
O produtor Rogério Vian, que veio de Goiás especialmente para o evento, acredita que o plantio em fevereiro demonstra mais vantagens, visto que em dezembro os casos de Ferrugem Asiática detectados, também na região dele, são maiores. “Acho válida essa iniciativa da Aprosoja-MT, em nossa região temos constatado isso também justamente pelo microclima que é muito mais favorável, então a pressão da Ferrugem é muito menor em fevereiro”, disse.
 
Ele ressalta a importância dos multissítios visto que o uso dos mesmos fungicidas está resultando na perda de eficiência. “Há 14 anos tenho mudado meu manejo e há sete anos faço a aplicação de multissítios intercalando o uso com biológicos. Hoje sou produtor orgânico de soja, milho e feijão, usando multissítios, que é a calda bordalesa usada há mais de 180 anos na lavoura.  É simples e qualquer produtor pode fazer na propriedade dele”, explicou. 
 
Rogério Vian aponta ainda que essa prática conseguiu fazer com que a safra obtivesse zero de aplicação química tanto na área orgânica quanto na convencional. “Além de um melhor controle de doenças, o que é ideal, conseguimos reduzir em 50% os custos de produção”, finalizou.
 
Também foram convidados para o encontro o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT), Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Casa Civil, Secretaria de Estado de Desenvolvimento (Sedec), e Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Somente o Indea encaminhou um representante.  
 

Eli Cristina Azevedo da Maia

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